Pablo Neruda
(Diplomata, consul e escritor)
1904-1973
Filho de um operário ferrroviário e de uma professora primária, nasceu em 12 de julho de 1904, na cidade de Parral (Chile). Seu nome era verdadeiro era Neftalí Ricardo Reyes Basoalto. Perdeu a mãe no momento do nascimento.Em 1906, a família muda-se para a cidade de Temuco. Começa a estudar por volta dos sete anos no Liceu para Meninos da cidade. Ainda em fase escolar, publica seus primeiros poemas no jornal “ La Manãna”. No ano de 1920, começa a contribuir com a revista literária “Selva Austral”, já utilizando o pseudônimo de Pablo Neruda (homenagem ao poeta tcheco Jan Neruda e ao francês Paul Verlaine).
Em 1921, passa morar na cidade de Santiago e estuda pedagogia no Instituto Pedagógico da Universidade do Chile. Em 1923 publica ‘Crepusculário” e no ano seguinte “Vinte poemas de amor e uma canção desesperada”, já com uma forte marca do modernismo.
No ano de 1927, começa sua carreira diplomática, após ser nomeado cônsul na Birmânia. Em seguida passa a exercer a função no Sri Lança, Java Singapura, Buenos Aires, Barcelona e Madrid. Nesta viagens, conhece diversas pessoas importantes do mundo cultural. Em Buenos Aires, conheceu Garcia Lorca, e em Barcelona Rafael Alberti.
Em 1930, casa-se com María Antonieta Hagenaar, divorciando-se em 1936. Logo após começou a viver com Delia de Carril, com quem se casou em 1946, até o divórcio em 1955. Em 1966, casou-se novamente, agora com Matilde Urrutia.
Em 1936, explode a Guerra Civil Espanhola. Comovido com a guerra e com o assassinato do amigo Garcia Lorca, compromete-se com o movimento republicano. Na França, em 1937, escreve “Espanha no coração”. Retorna neste ano para o Chile e começa a produzir textos com temáticas políticas e sociais.
No ano de 1939, é designado cônsul para a imigração espanhola em Paris e pouco tempo depois cônsul Geral do México. Neste país escreve “Canto Geral do Chile”, que é considerado um poema épico sobre as belezas naturais e sociais do continente americano.
Em 1943, é eleito senador da República. Comovido com o tratamento repressivo que era dado aos trabalhadores de minas, começa a fazer vários discursos, criticando o presidente González Videla. Passa a ser perseguido pelo governo e é exilado na Europa.
Em 1952, publica “Os versos do capitão” e dois anos depois “ As uvas e o vento”. Recebe o prêmio Stalin da Paz em 1953. Em 1965, recebe o título honoris causa da Universidade de Oxford (Inglaterra). Em outubro de 1971, recebe o Prêmio Nobel de Literatura.
Durante o governo do socialista Salvador Allende, é designado embaixador na França. Doente, retorna para o Chile em 1972. Em 23 de setembro do ano seguinte, morre de câncer de próstata na Clínica Santa Maria de Santiago (Chile).
Obras de Pablo Neruda
Crepusculario.
Veinte poemas de amor y una canción desesperada.
Tentativa del hombre infinito.
El habitante y su esperanza. Novela.
Residencia en la tierra (1925-1931).
España en el corazón. Himno a las glorias del pueblo en la guerra: (1936- 1937).
Tercera residencia (1935-1945).
Canto general.
Todo el amor.
Las uvas y el viento.
Odas elementales.
Nuevas odas elementales.
Tercer libro de las odas.
Estravagario.
Cien sonetos de amor (Cem Sonetos de Amor).
Navegaciones y regresos.
Poesías: Las piedras de Chile.
Cantos ceremoniales.
Memorial de Isla Negra.
Arte de pájaros.
La Barcaola.
Las manos del día.
Fin del mundo.
Maremoto.
La espada encendida.
Invitación al Nixonicidio y alabanza de la revolución
Pablo Neruda é, acredito, o poeta hispano-americano mais conhecido no Brasil, seja por sua poesia, seja pelo filme "O carteiro e o poeta."
Seu livro mais conhecido, Veinte poemas de amor y una canción desesperada, foi publicado quando ele tinha só 20 anos e hoje lemos o último poema de amor, o XX, na aula de Literatura Hispano-Americana.
Éramos poucos na sala e terminamos a leitura comovidos. A Vikki disse que se houvesse mais dois versos ela teria chorado e não foi exagero. Quem nunca perdeu um amor? Quem não sabe como isso realmente dói?
Ele é simplesmente eu dos poetas que eu mas amo, todas as suas poesias toca profundamente a alma de todos.
VINICIUS DE MORAES
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Torna-se amigo de muitos escritos e poetas brasileiros, dentre eles, Cecilia Meireles, Otto Lara Rezende, João Cabral de Mello Neto. Em 1943 ingressa na carreira diplomática, ocupando o cargo de vice-cônsul na Argentina (1946). Com Orson Welles, estuda cinema nos EUA. Em 1950, após visitar o amigo Pablo Neruda no México, retorna ao Brasil onde trabalha com produções cinematográficas. Três anos depois, compõe seu primeiro samba, música e letra, Quando tu passas por mim.Neste mesmo ano, vai para a França em trabalho diplomático. Faz parceria com Tom Jobim, e tempo depois, incluindo João Gilberto, dá origem ao movimento que criaria a Bossa Nova, que viria a ser “ouvida” pela primeira vez em 1958 no LP Canção do Amor Demais. A partir de 1961 compõe com Pixinguinha e Carlos Lyra; em 62 com Baden Powel e Ari Barroso. Em 1965 vence os dois primeiros lugares do I Festival de Música Popular de São Paulo, da TV Record. Exonerado do cargo diplomático em 1969, passa a viajar pela Europa, sempre compondo. De retorno da Europa, é acometido de derrame cerebral. Morre na manhã de 9 de julho de 1980, no Rio de Janeiro.
Bibliografia. Citamos: O Caminho para a Distância (1933), Forma e Exegese (1935), Ariana, a Mulher (1936), Poemas, Sonetos e Baladas (1946), Orfeu da Conceição (1960), Para viver um grande amor (1962), O Mergulhador (1968), História Natural de Pablo Neruda (1974), Procura-se uma rosa (teatro, 1962), A Arca de Noé (1991), Jardim Noturno – poemas inéditos (1993).
Caio Fernando Abreu
Caio Fernando Loureiro de Abreu nasceu no dia 12 de setembro de 1948, em Santiago (RS). Jovem ainda mudou-se para Porto Alegre onde publicou seus primeiros contos. Cursou Letras na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, depois Artes Dramáticas, mas abandonou ambos para dedicar-se ao trabalho jornalístico no Centro e Sul do país, em revistas como Pop, Nova, Veja e Manchete, foi editor de Leia Livros e colaborou nos jornais Correio do Povo, Zero Hora, O Estado de São Paulo e Folha de São Paulo. No ano de 1968 — em plena ditadura militar — foi perseguido pelo DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), tendo se refugiado no sítio da escritora e amiga Hilda Hilst, na periferia de Campinas (SP). Considerado um dos principais contistas do Brasil, sua ficção se desenvolveu acima dos convencionalismos de qualquer ordem, evidenciando uma temática própria, juntamente com uma linguagem fora dos padrões normais. Em 1973, querendo deixar tudo para trás, viajou para a Europa. Primeiro andou pela Espanha, transferiu-se para Estocolmo, depois Amsterdã, Londres — onde escreveu Ovelhas Negras — e Paris.Retornou a Porto Alegre em fins de 1974, sem parecer caber mais na rotina do Brasil dos militares: tinha os cabelos pintados de vermelho, usava brincos imensos nas duas orelhas e se vestia com batas de veludo cobertas de pequenos espelhos. Assim andava calmamente pela Rua da Praia, centro nervoso da capital gaúcha. Em 1983 transferiu-se para o Rio de Janeiro e em 1985 passou a residir novamente em São Paulo.
Volta à França em 1994, a convite da Casa dos Escritores Estrangeiros. Lá escreveu Bien Loin de Marienbad. Ao saber-se portador do vírus da AIDS, em setembro de 1994, Caio Fernando Abreu retorna a Porto Alegre, onde volta a viver com seus pais. Põe-se a cuidar de roseiras, encontrando um sentido mais delicado para a vida. Foi internado no Hospital Menino Deus, onde faleceu no dia 25 de fevereiro de 1996.
Volta à França em 1994, a convite da Casa dos Escritores Estrangeiros. Lá escreveu Bien Loin de Marienbad. Ao saber-se portador do vírus da AIDS, em setembro de 1994, Caio Fernando Abreu retorna a Porto Alegre, onde volta a viver com seus pais. Põe-se a cuidar de roseiras, encontrando um sentido mais delicado para a vida. Foi internado no Hospital Menino Deus, onde faleceu no dia 25 de fevereiro de 1996.
Bibliografia:
- Inventário do Irremediável, contos. Prêmio Fernando Chinaglia da UBE (União Brasileira de Escritores); Rio Grande do Sul: Movimento, 1970; 2ª ed. Sulina, 1995 (com o título alterado para Inventário do Ir-remediável).
- Limite Branco, romance. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1971; 2ª ed. Salamandra, 1984; São Paulo: 3ª ed., Siciliano, 1992.
- O Ovo Apunhalado, contos. Rio Grande do Sul: Globo, 1975; Rio de Janeiro: 2ª edição, Salamandra, 1984; São Paulo: 3ª edição, Siciliano, 1992.
- Pedras de Calcutá, contos. São Paulo: Alfa-Omega, 1977; 2 ed., Cia. das Letras, 1995.
- Morangos Mofados, contos. São Paulo: Brasiliense, 1982; 9 ed. Cia. das Letras, 1995. Reeditado pela Agir - Rio, 2005.
- Triângulo das Águas, novelas. Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro para melhor livro de contos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983; São Paulo: 2 edição Siciliano, 1993.
- As Frangas, novela infanto-juvenil. Medalha Altamente Recomendável Fundação Nacional do Livro Infanto-Juvenil. Rio de Janeiro: Globo, 1988.
- Os Dragões não Conhecem o Paraíso, contos. Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro para melhor livro de contos. São Paulo: Cia. das Letras, 1988.
- A Maldição do Vale Negro, peça teatral. Prêmio Molière de Air France para dramaturgia nacional. Rio Grande do Sul: IEL/RS (Instituto Estadual do Livro), 1988.
- Onde Andará Dulce Veiga?, romance. Prêmio APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) para romance. São Paulo: Cia. das Letras, 1990.
- Bien Loin de Marienbad, novela. Paris, França Arcane 17, 1994.
- Ovelhas Negras, contos. Rio Grande do Sul: 2 ed. Sulina, 1995.
- Mel & Girassóis (Antologia)
- Estranhos Estrangeiros, contos. São Paulo: Cia. das Letras, 1996.
- Teatro Completo, 1997
- Limite Branco, romance. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1971; 2ª ed. Salamandra, 1984; São Paulo: 3ª ed., Siciliano, 1992.
- O Ovo Apunhalado, contos. Rio Grande do Sul: Globo, 1975; Rio de Janeiro: 2ª edição, Salamandra, 1984; São Paulo: 3ª edição, Siciliano, 1992.
- Pedras de Calcutá, contos. São Paulo: Alfa-Omega, 1977; 2 ed., Cia. das Letras, 1995.
- Morangos Mofados, contos. São Paulo: Brasiliense, 1982; 9 ed. Cia. das Letras, 1995. Reeditado pela Agir - Rio, 2005.
- Triângulo das Águas, novelas. Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro para melhor livro de contos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983; São Paulo: 2 edição Siciliano, 1993.
- As Frangas, novela infanto-juvenil. Medalha Altamente Recomendável Fundação Nacional do Livro Infanto-Juvenil. Rio de Janeiro: Globo, 1988.
- Os Dragões não Conhecem o Paraíso, contos. Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro para melhor livro de contos. São Paulo: Cia. das Letras, 1988.
- A Maldição do Vale Negro, peça teatral. Prêmio Molière de Air France para dramaturgia nacional. Rio Grande do Sul: IEL/RS (Instituto Estadual do Livro), 1988.
- Onde Andará Dulce Veiga?, romance. Prêmio APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) para romance. São Paulo: Cia. das Letras, 1990.
- Bien Loin de Marienbad, novela. Paris, França Arcane 17, 1994.
- Ovelhas Negras, contos. Rio Grande do Sul: 2 ed. Sulina, 1995.
- Mel & Girassóis (Antologia)
- Estranhos Estrangeiros, contos. São Paulo: Cia. das Letras, 1996.
- Teatro Completo, 1997
Teatro:
- O Homem e a Mancha
- Zona Contaminada
- Zona Contaminada
Tradução:
- A Arte da Guerra, de Sun Tzu, 1995 (com Miriam Paglia).
A carta acima foi enviada pelo autor a seu grande amigo, o jornalista José Márcio Penido, e nela relata a criação do livro "Morangos mofados", fala de sua admiração por Clarice Lispector e Dalton Trevisan e estimula o amigo a escrever.
Extraído do livro citado, Editora Agir - Rio de Janeiro, 2005, pág. 152.
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Lisboa 1888 - 1935 Portugal Época: Modernismo | Escritor português, nasceu a 13 de Junho, numa casa do Largo de São Carlos, em Lisboa. Aos cinco anos morreu-lhe o pai, vitimado pela tuberculose, e, no ano seguinte, o irmão, Jorge. Devido ao segundo casamento da mãe, em 1896, com o cônsul português em Durban, na África do Sul, viveu nesse país entre 1895 e 1905, aí seguindo, no Liceu de Durban, os estudos secundários. Frequentou, durante um ano, uma escola comercial e a Durban High School e concluiu, ainda, o «Intermediate Examination in Arts», na Universidade do Cabo (onde obteve o «Queen Victoria Memorial Prize», pelo melhor ensaio de estilo inglês), com que terminou os seus estudos na África do Sul. No tempo em que viveu neste país, passou um ano de férias (entre 1901 e 1902), em Portugal, tendo residido em Lisboa e viajado para Tavira, para contactar com a família paterna, e para a Ilha Terceira, onde vivia a família materna. Já nesse tempo redigiu, sozinho, vários jornais, assinados com diferentes nomes. De regresso definitivo a Lisboa, em 1905, frequentou, por um período breve (1906-1907), o Curso Superior de Letras. Após uma tentativa falhada de montar uma tipografia e editora, «Empresa Íbis — Tipográfica e Editora», dedicou-se, a partir de 1908, e a tempo parcial, à tradução de correspondência estrangeira de várias casas comerciais, sendo o restante tempo dedicado à escrita e ao estudo de filosofia (grega e alemã), ciências humanas e políticas, teosofia e literatura moderna, que assim acrescentava à sua formação cultural anglo-saxónica, determinante na sua personalidade. Em 1920, ano em que a mãe, viúva, regressou a Portugal com os irmãos e em que Fernando Pessoa foi viver de novo com a família, iniciou uma relação sentimental com Ophélia Queiroz (interrompida nesse mesmo ano e retomada, para rápida e definitivamente terminar, em 1929) testemunhada pelas Cartas de Amor de Pessoa, organizadas e anotadas por David Mourão-Ferreira, e editadas em 1978. Em 1925, ocorreria a morte da mãe. Fernando Pessoa viria a morrer uma década depois, a 30 de Novembro de 1935 no Hospital de S. Luís dos Franceses, onde foi internado com uma cólica hepática, causada provavelmente pelo consumo excessivo de álcool. Levando uma vida relativamente apagada, movimentando-se num círculo restrito de amigos que frequentavam as tertúlias intelectuais dos cafés da capital, envolveu-se nas discussões literárias e até políticas da época. Colaborou na revista A Águia, da Renascença Portuguesa, com artigos de crítica literária sobre a nova poesia portuguesa, imbuídos de um sebastianismo animado pela crença no surgimento de um grande poeta nacional, o «super-Camões» (ele próprio?). Data de 1913 a publicação de «Impressões do Crepúsculo» (poema tomado como exemplo de uma nova corrente, o paúlismo, designação advinda da primeira palavra do poema) e de 1914 o aparecimento dos seus três principais heterónimos, segundo indicação do próprio Fernando Pessoa, em carta dirigida a Adolfo Casais Monteiro, sobre a origem destes. Em 1915, com Mário de Sá-Carneiro (seu dilecto amigo, com o qual trocou intensa correspondência e cujas crises acompanhou de perto), Luís de Montalvor e outros poetas e artistas plásticos com os quais formou o grupo «Orpheu», lançou a revista Orpheu, marco do modernismo português, onde publicou, no primeiro número, Opiário e Ode Triunfal, de Campos, e O Marinheiro, de Pessoa ortónimo, e, no segundo, Chuva Oblíqua, de Fernando Pessoa ortónimo, e a Ode Marítima, de Campos. Publicou, ainda em vida, Antinous (1918), 35 Sonnets (1918), e três séries de English Poems (publicados, em 1921, na editora Olisipo, fundada por si). Em 1934, concorreu com Mensagem a um prémio da Secretaria de Propaganda Nacional, que conquistou na categoria B, devido à reduzida extensão do livro. Colaborou ainda nas revistas Exílio (1916), Portugal Futurista (1917), Contemporânea (1922-1926, de que foi co-director e onde publicou O Banqueiro Anarquista, conto de raciocínio e dedução, e o poema Mar Português), Athena (1924-1925, igualmente como co-director e onde foram publicadas algumas odes de Ricardo Reis e excertos de poemas de Alberto Caeiro) e Presença. A sua obra, que permaneceu maioritariamente inédita, foi difundida e valorizada pelo grupo da Presença. A partir de 1943, Luís de Montalvor deu início à edição das obras completas de Fernando Pessoa, abrangendo os textos em poesia dos heterónimos e de Pessoa ortónimo. Foram ainda sucessivamente editados escritos seus sobre temas de doutrina e crítica literárias, filosofia, política e páginas íntimas. Entre estes, contam-se a organização dos volumes poéticos de Poesias (de Fernando Pessoa), Poemas Dramáticos (de Fernando Pessoa), Poemas (de Alberto Caeiro), Poesias (de Álvaro de Campos), Odes (de Ricardo Reis), Poesias Inéditas (de Fernando Pessoa, dois volumes), Quadras ao Gosto Popular (de Fernando Pessoa), e os textos de prosa de Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação, Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias, Textos Filosóficos, Sobre Portugal — Introdução ao Problema Nacional, Da República (1910-1935) e Ultimatum e Páginas de Sociologia Política. Do seu vasto espólio foram também retirados o Livro do Desassossego por Bernardo Soares e uma série de outros textos. A questão humana dos heterónimos, tanto ou mais que a questão puramente literária, tem atraído as atenções gerais. Concebidos como individualidades distintas da do autor, este criou-lhes uma biografia e até um horóscopo próprios. Encontram-se ligados a alguns dos problemas centrais da sua obra: a unidade ou a pluralidade do eu, a sinceridade, a noção de realidade e a estranheza da existência. Traduzem, por assim dizer, a consciência da fragmentação do eu, reduzindo o eu «real» de Pessoa a um papel que não é maior que o de qualquer um dos seus heterónimos na existência literária do poeta. Assim questiona Pessoa o conceito metafísico de tradição romântica da unidade do sujeito e da sinceridade da expressão da sua emotividade através da linguagem. Enveredando por vários fingimentos, que aprofundam uma teia de polémicas entre si, opondo-se e completando-se, os heterónimos são a mentalização de certas emoções e perspectivas, a sua representação irónica pela inteligência. Deles se destacam três: Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. Segundo a carta de Fernando Pessoa sobre a génese dos seus heterónimos, Caeiro (1885-1915) é o Mestre, inclusive do próprio Pessoa ortónimo. Nasceu em Lisboa e aí morreu, tuberculoso, em 1915, embora a maior parte da sua vida tenha decorrido numa quinta no Ribatejo, onde foram escritos quase todos os seus poemas, os do livro O Guardador de Rebanhos, os de O Pastor Amoroso e os Poemas Inconjuntos, sendo os do último período da sua vida escritos em Lisboa, quando se encontrava já gravemente doente (daí, segundo Pessoa, a «novidade um pouco estranha ao carácter geral da obra»). Sem profissão e pouco instruído (teria apenas a instrução primária), e, por isso, «escrevendo mal o português», órfão desde muito cedo, vivia de pequenos rendimentos, com uma tia-avó. Caeiro era, segundo ele próprio, «o único poeta da natureza», procurando viver a exterioridade das sensações e recusando a metafísica, caracterizando-se pelo seu panteísmo e sensacionismo que, de modo diferente, Álvaro de Campos e Ricardo Reis iriam assimilar. Ricardo Reis nasceu no Porto, em 1887. Foi educado num colégio de jesuítas, recebeu uma educação clássica (latina) e estudou, por vontade própria, o helenismo (sendo Horácio o seu modelo literário). Essa formação clássica reflecte-se, quer a nível formal (odes à maneira clássica), quer a nível dos temas por si tratados e da própria linguagem utilizada, com um purismo que Pessoa considerava exagerado. Médico, não exercia, no entanto, a profissão. De convicções monárquicas, emigrou para o Brasil após a implantação da República. Pagão intelectual, lúcido e consciente, reflectia uma moral estoico-epicurista, misto de altivez resignada e gozo dos prazeres que o |
Lisboa 1888 - 1935 Portugal Época: Modernismo | 13 de junho de 1888 - Nasce em Lisboa, às 3 horas da tarde, Fernando Antônio Nogueira Pessoa. 1896 - Parte para Durban, na África do Sul. 1905 - Regressa a Lisboa 1906 - Matricula-se no Curso Superior de Letras, em Lisboa 1907 - Abandona o curso. 1914 - Surge o mestre Alberto Caeiro. Fernando Pessoa passa a escrever poemas dos três heterônimos. 1915 - Primeiro número da Revista "Orfeu". Pessoa "mata" Alberto Caeiro. 1916 - Seu amigo Mário de Sá-Carneiro suicida-se. 1924 - Surge a Revista "Atena", dirigida por Fernando Pessoa e Ruy Vaz. 1926 - Fernando Pessoa requere patente de invenção de um Anuário Indicador Sintético, por Nomes e Outras Classificações, Consultável em Qualquer Língua. Dirige, com seu cunhado, a Revista de Comércio e Contabilidade. 1927 - Passa a colaborar com a Revista "Presença". 1934 - Aparece "Mensagem", seu único livro publicado. 30 de novembro de 1935 - Morre em Lisboa, aos 47 anos. |
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